Programa de oficinas para a classe média – formação de público
Existem oficinas que têm a pretensão de sensibilizar os populares para que estes saibam utilizar espaços culturais como cinemas, teatros, museus e casas de espetáculo. Assim as camadas mais humildes poderiam ter maior contato com a cultura, aproveitando cada vez mais a “democratização do acesso”.
O Estado, empresas, ONGs e os próprios espaços culturais empregam verbas para este tipo de projeto.
Não creio que estes intentos sejam ilegítimos (apesar de acreditar que pressupõe uma questão hierárquica de um conceito de cultura hegemônico). Mas a questão de hoje é: e se uma destas pessoas tem o interesse de ir, ou até de frequentar um lugar como estes citados anteriormente? E se eu (mulher, negra, sem classe) quero frequentar certos espaços e fazer parte de certos circuitos? E se meus pares quiserem fazer o mesmo?
Não gostaria de falar isso, mas estas questões não são retóricas. Estou farta de ser constrangida e ver meus amigos na mesma situação.
Poderia citar uma longa lista de lugares, de experiências que vivi e vivo, mas prefiro fazer uma proposta: ofereçam oficinas, palestras, sensibilizações para seus funcionários e “tradicionais” visitantes. São eles, também, os responsáveis por afastar a ansiada “democratização”.
Formem e informem ao público de vocês que não é de bom tom fazer cara feia para as pessoas diferentes. Avisem que nem todas as pessoas que não são como eles estão ali para assaltá-las, sequestra-las ou qualquer coisa do gênero. Seria interessante abordar que atrás da pele negra pode ser alguém com o mesmo “nível cultural” que eles, podendo ser um negro de moletom até um mestre em Sociologia, ou Astrofísica, quem sabe?
Lanço agora a campanha: Oficinas de formação de público para as classes A e B!
Caso precisem de auxílio para a elaboração do conteúdo da cartilha meu trabalho será voluntário.
(Fonte da imagem: www.nesbittfineart.com/
Excelente! Poucos sentem isso NA PELE!
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