quinta-feira, 23 de julho de 2009

Depilação e Caramelo


Eu vou querer completa...”

Mas e o ânus, a senhora vai querer fazer?”

Acho que não precisa... bem... eu...”

Faz, boba! Vai se sentir mais limpa” (20/07/2009 Eu em um salão de beleza)


Tenho medo, vergonha e muitas questões envolvidas ao ato de terceirizar a minha depilação.

Eu e tantas outras mulheres aprendemos a admirar e tentar se aproximar ao máximo de uma pele lisa, firme e sedosa. Claro que esta não está cheia de pelos. O único pelo admirado não é o pubiano, e sim os da sobrancelha e da cabeça. Mas eu tenho toda a dificuldade de lidar com isso.

Faz aproximadamente 15 anos que depilo, mas com instrumentos cortantes que deixam meus pelos mais grossos e minha pele manchada. Sempre tive o desejo de ir a um salão de beleza fazer uma depilação completa com cera. Marco, fico desapontada e não vou. Atribuo isso a duas questões simples: 1) Dor(!) e 2) Terceirização do serviço.

Sei que é um trabalho digníssimo, mas me constrange entregar meus pelos para alguém tirar. Já ouvi que fazemos isso com as unhas, com o cabelo e não vemos problema, por que se envergonhar dos pelos? Sinceramente não sei. Eu terceirizaria o sexo, por exemplo, mas o lidar com os pelos da bunda é difícil! Sexo dá prazer, tirar pelos com cera dói muito!

Por que nós mulheres temos de passar por isso? E o pior, tem que ser gostando.

Mas esse drama pessoal me lembra o filme Caramelo. M A R A V I L H O S O. Trama de 5 mulheres na capital do Líbano, Beirute. De uma sensibilidade ímpar as questões femininas são expostas. Dor e doçura? Não sei, mas que dói, dói. O lócus do filme é um salão de beleza, onde as mulheres sentem-se mais “livres”. E o filme foi batizado em homenagem a mistura feita para a depilação: Caramelo! Esse mesmo, o de açúcar.

Close para duas cenas maduríssimas desta obra de arte: cena da depilação e da lavagem dos cabelos. Até a homossexualidade (Homoafetividade) feminina é exposta da forma mais leve, mais linda. Só de lembrar eu me emociono. Outro filme que vale um post só pra ele.

Aguardo os comentários, Croquetes relaps@s!

Obs: Nadine Labaki te devo 2 mil beijos: mil pela encenação e os outros mil pela direção.

Fonte: imagem de divulgação do filme, encontrada em qualquer site, blog etc.


3 comentários:

  1. Esse filme é realmente lindo. Visual e poeticamente.

    A Nadine e seus lindos olhos enormes nos emociona com a doçura (ahá, olha o trocadilho! hehehe!) da vida daquelas cinco mulheres fortes, meigas, inteiras em si.

    Além disso, fica muito forte no filme o papel das escolhas. E como é difícil lidar com elas... A mulher que teme em deixar sua irmã esclerosada à própria sorte para viver o amor, a mulher que escolhe viver clandestinamente seu amor por um homem que diz que a ama e está casado (não nos esqueçamos que a trama se passa no conservador Líbano), do desejo reprimido pelas forças contrangedoras da sociedade tem maus olhos a quem se case não virgem, da jovem que se vê apaixonada pela sua cliente que também demonstra reciprocidade... Enfim, muito de todxs nós.
    Realmente valeu o prêmio de Cannes!

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  2. Realmente, Fábio

    o filme é inteiro. Ele nos faz perceber a riqueza do detalhe e do cotidiano. Quando é que valorizaremos os momentos? O lirísmo do segundo? Creio que nunca. Mas com esse filme podemos nos dar conta disso.
    Um universo feminino complexo, belo, triste, engraçado, alegre e colorido (amarelo). Mereceu os prêmios que levou e mereceu a minha paixão profunda e sincera.
    Obrigada pelo comentário. Você é um verdadeiro Croquete.

    Beijos,

    Lucy Lima

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  3. Gente sou mega a favor da depilação terceirizada; Nesse mundo em que a gente se sente fazendo tudo, qualquer momento em que os outros fazem algo por você são celebrados, cobrados e pagos com muita alegria por todos os envolvidos - cortes de cabelo, manicures, pedicures, depilador@s, massagist@s - uma horda a serviço de sua saúde e você lá imóvel, prostrada como uma rainha, curtindo uma cera quentinha nas partes íntimas ... como diz o sábio mc donald's: amo muito tudo isso.

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