segunda-feira, 11 de abril de 2011

O nascimento de um mulherão

Giganta - vilã da DC Comics
“Quando Gregor Samsa despertou, certa manhã, de um sonho agitado viu que se transformara, durante o sono, numa espécie monstruosa de insecto"

Momento de se recriar, de me reformular, enfim, de amadurecer. Não consigo passar por isso sem resgatar algumas memórias.
Recentemente minha avó parou e ficou a me fitar por algum tempo. Até que num tranquinho soltou: “Sabia que eu nunca imaginei que você fosse ser assim?”. Perguntei “assim como, vó?”. Ela meio ressabiada respondeu “Assim, do jeito que você é hoje. Quando você era pequenininha era tão delicada, sensível, chorava no filme do porquinho, sabia se portar à mesa, tinha sempre aquele doce no tom de voz... Nunca imaginei que você fosse ficar assim, esse MULHERÃO”.
Minha velhinha, por mais que se esforçasse não conseguiu disfarçar sua decepção. Acabou por resvalar nas comparações com outras mulheres da família. Por fim, não havia um único exemplo de mulherzinha. Ela depositava essa esperança em mim.
Semana passada estava com minhas amigas do fundo do peito. Elas se lembraram do momento em que nos conhecemos. As observações eram sempre sobre minha timidez e a minha voz quase infantil, detalhe: eu já tinha 23 anos na época. Depois de muitas risadas sobre a minha dificuldade em falar ao telefone elas ressaltaram: “Nossa, mas a sua voz está bem melhor, bem melhor...”.
Estava fuçando nas mensagens antigas do meu e-mail e encontrei um link para os depoimentos do Orkut. Lá pelos idos 2005 alguns amigos passaram suas impressões sobre a minha pessoa naquela rede social. Sensibilidade, fofura etc. percebi que eram palavras comuns.
Acabei de lembrar a minha antiga terapeuta, ela sempre dizia: “Lucy, não precisamos ser forte o tempo todo”. Isso não fazia sentido nenhum na época, sentia-me tão vulnerável.
O que quero dizer com essa bagunça de memórias? Não sei.
Enfim, só queria saber/descobrir quando foi que nasceu esse mulherão. Só isso.

Um beijo Kafkiano pra tod@s!

4 comentários:

  1. Mara! Como diria uma grande amiga nossa, você sempre teve seu lado revoltinha e seu lado ternurinha!..

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  2. É vero, Lili.

    Como lidar com essa esquizofrenia que é a alquimia que tenho que descobrir.

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  3. Olá. Tudo blz? Estive aqui dando uma olhada. Muito legal e interessante. Apareça por lá. Abraços.

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  4. Será que é comum nos perdermos durante a vida, ou será que a questão é em que momento vamos encontrar a nós mesmo?

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